Os terrores noturnos fazem parte de um grupo de comportamentos anormais e/ou indesejados que ocorrem durante o sono, denominados de parassónias.
Os terrores noturnos têm determinadas caraterísticas, descritas abaixo.
O que causa terrores noturnos?
As causas ainda são desconhecidas.
Podem existir fatores que favorecem o aparecimento dos terrores noturnos, como stress emocional, privação de sono ou outras patologias, sejam do Sistema Nervoso Central (SNC) ou mesmo respiratórias.
Sinais e sintomas de terrores noturnos
São ocorrências noturnas, traduzidas por sinais de pânico intenso, usualmente com gritos, enorme agitação e por vezes com atitudes como se estivesse acordado, como sentar na cama ou mesmo andar; mais frequente nas crianças e na 1ª metade da noite, em sono NREM, N3 (sono profundo)
- Usualmente presente taquicardia, respiração ofegante, dilatação pupilar (midríase) e suores.
- Acompanhados no adulto de grande agitação; na criança com medo, choro e movimentos dos braços, como se estivesse a lutar.
- Sem interação com o ambiente
- Ausência de resposta se se tentar acordar ou acalmar.
- Amnésia quase total – quando a pessoa acorda de nada se lembra, mas demonstra uma certa confusão e desorientação.
- Não associação a sonhos ou pesadelos.
Diagnóstico
Não há exames específicos para se chegar ao diagnóstico. A história clínica pessoal e familiar, anterior e atual, assim como um mapa do sono são as principais ferramentas para se chegar ao mesmo.
Os exames complementares são úteis para despistar outras patologias do sono ou associadas ao sono que podem existir, como epilepsia com manifestação noturna, distúrbios respiratórios ou outros distúrbios do SNC.
A polissonografia (PSG) nível I com montagem completa de EEG é útil no despiste de crises noturnas de epilepsia; note-se, no entanto, que uma PSG, mesmo nível I, normal, não elimina a possibilidade de existirem nem crises de epilepsia nem terrores noturnos.
É perante os sinais e sintomas acima descritos e na ausência de associação a problemas de medicação, drogas ou outras doenças do SNC que se chegará a um diagnóstico.
Terrores noturnos são pesadelos?
Se bem que ambos sejam manifestações desagradáveis que ocorrem durante o sono (Parassónias), há algumas diferenças notáveis. Assim:
Terrores Noturnos
Pesadelos
Ocorrência usual
Maior Frequência
Amnésia
Desapertar
Movimentos
Sonambulismo
Midríase
Devo preocupar-me com terrores noturnos?
Usualmente os terrores noturnos não causam sensação de mau sono nas crianças e desaparecem com a passagem para a adolescência, mas podem permanecer. Os pais usualmente ficam muito preocupados e questionam-se sobre a possibilidade de estar a ocorrer algo perigoso.
Deve ser consultado o especialista em medicina do sono sempre que:
• Os terrores noturnos ocorram em intensidade e número que fragmentem o sono da criança e/ou dos cuidadores.
• Coloquem a criança em perigo.
• Causem hipersonolência diurna.
• Causem outros distúrbios.
• Ocorram ou continuem para além dos 10 anos.
Nos adultos, se essas ocorrências acontecerem com frequência e/ou intensidade que causem problemas de ansiedade ou fragmentação sono, então é aconselhada a investigação do sono, pois podemos estar em presença de uma manifestação secundária de outros distúrbios.
Consequências do distúrbio de terrores noturnos
Nas crianças os terrores noturnos não deixam memória e usualmente desaparecem sem consequências negativas.
Nos jovens e adultos, a ocorrência de terrores noturnos deve ser investigada.
Qual o tratamento de terrores noturnos?
Na criança, o principal objetivo é descartar outras situações que possam ser confundidas com terrores noturnos e que podem estar associadas a movimentos, como apneia obstrutiva, epilepsia ou sonambulismo.
Não está indicada qualquer explicação à criança, pois nos terrores noturnos há amnésia do sucedido e não tem interesse correr o risco de assustar a criança.
O tratamento só estará indicado quando se torna um distúrbio do sono (ver acima).
Uma boa higiene do sono está sempre indicada, sendo o mais importante.
Os possíveis tratamentos nos adultos dependerão da confirmação do diagnóstico e despiste de possíveis situações causadoras ou agravantes.
O tratamento farmacológico só está indicado em casos muito específicos.